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Tô na Área! Mesmo antes de expor o profissionalismo, Ana Luiza Marçal se tornou campeã de série

Jogadora de Niterói já conseguiu feito raro no poker online

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A personagem do Tô na Área de hoje tem uma história um pouco diferente do habitual. Ana Luiza Marçal é relativamente nova no mundo do poker, não havia aberto publicamente sua profissão para as pessoas, mas foi “obrigada” a isso ao conseguir um feito que muitos dos melhores jogadores do mundo não conseguem: um título de série no PokerStars.

A “Lugrey” do site cravou seu nome na galeria de campeões com a conquista do Evento #30-M do SCOOP Afterparty, conseguindo uma façanha espetacular que rendeu US$ 11.007, sua maior premiação da carreira. Mas, mesmo para ela, que ainda caminha entre os micro e low stakes, foi inesperado. Não por falta de qualidade, longe disso, mas porque estava acima de sua grade tradicional. Lembrando do momento, ela relata:

“O resultado do SCOOP foi um susto enorme, pois era algo que esperava bem mais na frente, até pelo buy-in ser bem maior que meu ABI atual. Depois que eu cravei chorei muito. O início de carreira no poker é muito estressante, pois você questiona muito se está no caminho certo, a rotina é muito desgastante. Para mim foi um marco da transição do “acho que já sou profissional” para o “agora é pra valer”.

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A jogadora de Niterói, prestes a completar 26 anos na próxima terça (25), mora com seus pais e sua irmã na cidade. E a união entre todos eles é algo destacado por ela: “sempre tivemos todos uma relação de muito companheirismo, parecemos quatro amigos conversando. Sou muito próxima deles, meus pais são muito parceiros e me apoiam em tudo. Minha irmã é minha melhor amiga. E somos nada tradicional”, conta.

Não ser uma família tradicional ajudou na aceitação de Ana Luiza como jogadora de poker. Mas, no começo de tudo, houve aquela desconfiança natural: “no início minha família teve muito preconceito. Eles não entendiam, achavam que eu era viciada, que era jogo de azar, etc. Mas depois de explicar bastante como funcionava, e de verem o quanto eu me dedicava, passaram a me apoiar e hoje têm orgulho do que faço”.

Formada em Engenharia Química desde 2018, a jogadora sempre desconfiou que trabalharia com algo que envolvesse números, contas e lógica. Como pegou um período complicado para a área, ela foi procurando outras coisas enquanto estudava e aí descobriu o poker, ainda no ano do término do curso. A carioca decidiu pesquisar no Google as regras e abriu uma conta no site em que se tornou campeã de série posteriormente, dando início em sua trajetória ali.

Ana Luiza Marçal e sua família

Foi jogando nas mesas de sit e go que Ana descobriu um grupo de estudos no whatsapp, onde entrou e começou a se familiarizar com o tema. Algum tempo depois, apareceu um formulário de inscrição para o Prime Poker Team e ela decidiu tentar entrar, sem expectativa. Deu certo. Ela foi aceita e mostra gratidão até hoje: “quero agradecer o Prime pela oportunidade que me deram, pois nunca seria aceita por nenhum time com o conhecimento que eu tinha na época”, diz.

Aí, tudo combinou. Por coincidência, os sócios do Prime também são de Niterói, fazendo com que rolasse uma certa identificação. E mais um fato chama a atenção sobre sua entrada: “me falaram também que eu era a única mulher que já tinha se inscrito no time. Amo o Prime de paixão, é como uma família. Tudo que eu sei hoje de poker o Prime de alguma forma proporcionou, seja pelos instrutores muito acolhedores ou pelos colegas de time que torcem muito por mim”, fala, agradecida.

Sobre estar presente em um meio ainda onde a maioria é formada por homens, Ana é taxativa: “nunca foi algo que me fez duvidar de mim mesma. O que acontece às vezes é que algumas pessoas duvidam sim, ou não esperam tanto de você. Sinto que no poker muitos homens ainda têm preconceito no sentido de associar que uma jogadora é ruim só por ser mulher. Graças a Deus no meu time nunca senti isso, sempre fui tratada igual a todos”.

O local de trabalho

Quando criou seu nick, a “Lugrey” tomou o cuidado de deixar algo unisex e nunca teve problemas com relação a isso. No live, também não, mas por motivos curiosos, como ela mesmo conta: “nunca tinha jogado live (nem com amigos) antes de me tornar profissional, sou 100% reg de online (risos). Não tinha nenhum amigo que jogava poker. Depois acabei jogando muito pouco para definir”.

Com todas as bases acertadas, o apoio da família e o suporte do Prime, Ana Luiza Marçal conseguiu caminhar na sua carreira de maneira consistente. A pandemia, que vem causando muitos problemas em todo o mundo, ainda serviu para empurrar a jogadora de vez para esse mundo: “sempre fui uma jogadora muito esforçada, então tive uma evolução bem rápida. Não sou muito apegada a metas financeiras ou hits, prefiro pensar nos estudos e tentar evoluir como jogadora”, explica.

Como exposto no começo, sua dedicação foi premiada com o título do SCOOP Afterparty. E só aí ela expôs, publicamente, que tinha se tornado profissional. A jogadora relembra como se sentiu no dia seguinte: “no outro dia fiquei rindo à toa com a minha família. Ainda não tinha contado para as pessoas que jogava poker profissionalmente, só pessoas muito próximas sabiam, e fiquei agradecendo as mensagens de amigos e familiares”.

Vidrada por todo tipo de jogo, videogame e esportes, muito por conta da família, onde o pai foi atleta amador e a mãe é personal trainer, Ana sabe que ter um tempo off poker é fundamental para a saúde mental e sucesso. Por isso, ela planeja, agora campeã de série, melhorar sua rotina de maneira saudável, com tudo que tem direito: alimentação, exercícios e estudo. Dessa forma, ela só pensa em evoluir: “quero chegar no futuro e sentir orgulho da minha trajetória técnica, de dedicação, e saber que dei meu melhor”, revela.

Para finalizar, a “Lugrey” deixa uma mensagem de agradecimento e de esperança: “queria de verdade agradecer ao meu pai Italo, pois foi a primeira pessoa a me apoiar e me dizer que sabia que eu seria muito boa em qualquer coisa que fizesse pois confiava 100% em mim e nas minhas escolhas. Esse apoio não tem preço. Quando a sua família te ama e aceita que você faça o que quer, o processo é totalmente diferente. Espero que nos próximos anos o poker seja menos tabu e mais aceito socialmente, e que as mulheres cada vez mais ocupem os fields!”.

Com a certeza de que agora a já conhecida profissional Ana Luiza Marçal, campeã de série, ainda terá um rica trajetória pela frente, nos despedimos com os mesmos desejos. Que o esporte preferido por todos nós esteja cada vez mais presente. Até a próxima!

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Jogadora de Niterói já conseguiu feito raro no poker online

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Tô na Área #59: Talita Alves fala sobre relação entre música e poker e surgimento na Twitch

A jogadora carioca está iniciando na Twitch e no mundo do poker

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Talita Alves

O quadro Tô na Área chega mais uma vez para abrir espaço e compartilhar histórias de um jogador que agrega muito à comunidade do poker brasileiro – ou, neste caso, uma jogadora. Talita Alves vem ganhando cada vez mais espaço com suas transmissões na Twitch e seus bons resultados nas plataformas online.

Adepta do jogo e da música, Talita nos concedeu uma entrevista para falar sobre suas inspirações, seu caminho no poker e a ligação com a música.

MP: Talita, pra começar, fala um pouco pra gente do seu primeiro contato com o poker?

“Meu primeiro contato com o poker foi na época do ensino médio. Eu fiz escola técnica aqui no Rio de Janeiro, e eu ficava o dia inteiro no colégio – o ensino médio era de manhã, a escola técnica era a tarde. Eu tinha um grupo de amigos e as vezes a gente matava aula, tenho que assumir [risos], mas nos intervalos, a gente tinha que arranjar alguma coisa pra fazer.”

“Eu sempre gostei muito de baralho. A minha família toda joga buraco em encontros, meus pais sempre armavam mesa de baralho, então foi quando surgiu a ideia de jogar baralho. Eu estudei no CEFET e lá eu engajei, a gente começou a jogar poker, apostava bem baixinho, só pra se divertir mesmo, mas foi aí que eu aprendi a jogar poker. Voltei a jogar poker bem depois já pelo PokerStars, mas eu era bem recreativa, jogava bem baratinho, novamente pra se divertir, mas de vez em quando acertava uma coisa ou outra”.

MP: E você comentou (em off) que começou acompanhando bastante a Twitch também!

“Eu conheci a Twitch através do YouTube, inclusive. Aqueles vídeos explicativos do Akkari, do Rafa Moraes, e aí descobri que tinham canais que transmitiam torneios ao vivo. Aí eu fui ver o famoso Raiz [Luiz Torres], fui acompanhando as transmissões dele, me divertindo um pouco, e a gente acaba se identificando um pouco com aqueles estouros que ele tem. E aí acabei indo procurar outros. Tinha a live do Mojave, da Lali – até me identificava bastante com ela por conta da figura feminina.

Hoje eu acompanho bastante a live do Pai do Nuts, que eu acho didático, vou assistindo e aprendendo junto, a live da Dani Feitosa – e, claro, agradecer a ela, que se hoje tenho um canal na Twitch, se deve a ela, que assisti a explicação dela. Acompanho a Carla [Marins] também!

MP: E streamer favorito, tem um?

“Não tem um favorito, não, mas se pudesse falar quem eu mais vejo, seria o Pai do Nuts, a Dani Feit e o Carmanhani, que via muito também. Ele me ajudou muito pra estudo de poker. Como recentemente eu comecei a estudar, eu via bastante a review de torneios dele. Eu fiquei até triste que tiraram os vídeos dele no ar, mas acompanhava bastante na Twitch também”

LEIA MAIS: Eduardo Fontenele fala sobre carreira, comenta importância do Arrocha Team e primeira experiência na WSOP Brazil

MP: Como você faz pra conciliar o tempo entre o poker e a música? De alguma forma o poker te ajuda na carreira musical?

“Hoje eu já não faço música profissionalmente. Hoje é hobby, não é mais a minha principal fonte de renda, né? Vivi três anos de música quando eu estava em Florianópolis. Hoje eu faço por hobby e encontro com amigos. Na verdade, eu dedico bastante do meu tempo ao poker – praticamente 80% da minha renda vem do poker online, digamos, então trato isso como atividade profissional. E eu dou aula pra empresas também, mas isso também tá diminuindo, a ideia é parar de dar aula.

Eu sou especialista em produtividade, gestão do tempo, gestão de agenda, então isso me ajuda bastante com o poker. Pra jogar a gente tem que ter um mindset muito bom para aturar as bad beats, né? O modelo mental, concentração, foco, saber que é um jogo que a gente vai perder muito mais que ganhar, me ajuda bastante conhecer da psicologia humana.

Então eu acho que é o inverso: a carreira musical me ajuda no poker. Eu sempre fui uma pessoa muito alegre, positiva, de barzinho, e acho que eu trago isso para a Twitch, até em conversar com as pessoas mesmo, pra mim é uma apresentação. No mais, ajuda pra mim mesmo. A música também tem muita dedicação, muito estudo. Hoje eu tento fazer uma rotina de estudo, essa força de vontade, essa disciplina para estudar. Tem que ter coragem pra enfrentar esses desafios, assim como tinha pra sugerir tocar em algum restaurante. Acho que rola até a comparação entre poker e música com coisas que a gente não queria ir, mas não tem jeito”

MP: Talita, os resultados no destaque no seu Instagram são mais focados nos torneios online. Você prefere o online mais do que o live?

“Eu preciso confessar pra vocês que eu nunca joguei um torneio live! Tem seis, sete meses que eu vivo de poker como principal fonte de renda, né? Antes era mais estudo, aí comecei a ter bons resultados, mas fazia mais no tempo livre que eu tinha. Mas nunca me aventurei a jogar poker presencial. Até brinco que eu sou baixinha, pensava ‘eu tenho 1,53m, se eu chegar no lugar pra jogar poker, não sei se vai ter muita credibilidade’.

E eu sou muito emotiva nas lives também. Eu vou de 0 a 100 com uma mão de um jeito que é bem engraçado. No dia que eu for jogar live, eu preciso ir de máscara, óculos, boné, e acho que ninguém vai me reconhecer nessa poker face. Vai ser um desafio pra mim, mas quem sabe? Acho que eu vou adorar também”

MP: E sobre referências no mundo do poker, quais são as suas?

“Eu preciso confessar de novo! [risos]. Eu não tenho uma grande referência no mundo do poker, eu sou muito caloura mesmo. Mas não tenho uma grande referência. Eu admiro o Yuri [Martins], a disciplina que ele coloca e mostra nos vídeos dele, porém uma grande referência eu realmente não tenho.

Só que eu gosto muito da figura feminina no poker. Acho que é um espaço que a gente precisa conquistar mais, como vários na sociedade. Eu acho muito bonito sempre que eu vejo uma mulher tendo destaque no poker. É algo que a gente tem pra aplicar muito, principalmente a paciência, e é um universo que temos que explorar ainda mais como mulheres.”

MP: A última pra gente fechar: quais são seus objetivos no futuro envolvendo o poker?

“Eu até agradeço a pergunta. Eu estou num momento de transição, e eu encontro muita gente na Twitch que me fala isso. Eu quero me dedicar só ao poker, terminar minhas aulas, grindar mais vezes na semana… e aí no segundo semestre aumentar meu buy-in, né? Chegar ali perto dos US$ 5, dos US$ 11… e aí, quando perder o medo de viajar, perder esse medo do presencial e participar mais, conhecer a galera, interagir.

Eu tenho que conciliar a vida profissional com a vida pessoal: sou casada com uma moça linda, a gente tem um cachorro e um gatinho, mas ela não é do poker. Ela me entende, apoia bastante… vai ser um desafio conciliar essa vida com alguém que não é do poker, mas vai dar certo.”

Confira o Episódio #61 do Poker de Boteco com Camila Kons:

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Tô na Área #58: Nilton Leocadio conta trajetória persistente no poker até resultados de impacto no online

O paranaense teve Alexandre Gomes como um dos primeiros “padrinhos” no poker

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O quadro Tô na Área chega mais uma vez para abrir espaço para um jogador que recentemente brilhou no poker online. Nilton Leocadio satelitou o GGMasters de US$ 150 e terminou campeão do torneio para uma forra de quase R$ 60.000. Mas a estrada até esse big hit chegar foi bastante longa e cheia de curvas até esse momento especial.

Detalhista, Nilton contou tim-tim por tim-tim para o Mundo Poker. Para facilitar a leitura, separamos as falas do jogador profissional por tópicos específicos na ordem cronológica.

Primeiros contatos com o poker

“Cara, os meus primeiros contatos com o poker eu tinha ali por volta dos meus 16, 17 anos. Tinha a família de um amigo meu aqui da minha cidade que eles reuniam no fim do ano e brincavam. A família inteira deles jogava ali o home game e tal. Esse meu amigo, o Vinícius Saliba, hoje em dia faz parte do 4Bet Team. Foi através dele e da família dele ali que eu tive os primeiros contatos com o poker”

“E foi muito assim especial, porque logo quando eu comecei ali a brincar nos home game e tal, aí eu já criei uma conta no PokerStars. Depois eu depositei US$ 10. Na primeira semana que fui jogar cravei um torneio de US$ 2,20. Só sei que deu uma média de 1.000 jogadores e eu cravei. Acho que acho que pagou ali uns US$ 800, alguma coisa assim. E daí eu vi que aquilo ali era pra mim, né? Foi um amor à primeira vista que ficou pregado no coração, aqui na mente, até os dias de hoje”

História com Alê Gomes e a pior bad beat da vida

“Eu ganhei esse torneio aí no PokerStars. E daí, cara, eu simplesmente peguei, vendi meus dólares pro Alexandre Gomes. Ele sempre vinha pra minha cidade. Um dos melhores amigos dele da época era daqui de Tomazina, o Lelê. Os familiares dele são todos daqui. Tomazina é uma cidade pequena, tem 10.000 habitantes, então todo mundo se conhece. Eu sabia que ele (Alê Gomes) era doleiro, ele era referência no poker mundial. Uns 14, 13 anos atrás, ele era a principal referência do poker no Brasil, e se não do mundo, né? Vendi pra ir pra Curitiba jogar um circuito que era R$ 1.000.000 por R$ 250 na época. E também ia ter um High Roller de R$ 3.000. Eu já tinha uma graninha guardada, aí eu vendi mais esses dólares e fui pra Curitiba. Fui lá com os meus R$ 5.000 e eu falei, cara, eu vou enfrentar esses caras, né? Eu quero jogar esse torneio de R$ 3.000. Olha pra você ver a minha cabeça. Com 18 anos querendo jogar um torneio R$ 3.000.

Nesse evento, Nilton conseguiu uma bad beat enorme na semi FT de 88 contra KK, mas depois levou o que considera a pior bad beat da vida. No 5-handed, quando era segundo em fichas, se envolveu contra Alisson Pereira, o chip leader, de AKs contra KJs. O flop veio A52 rainbow, mas o adversário encontrou um runner runner milagroso com J no turn e J no river para deixar Nilton desolado. Ele ganhou algo em torno de R$ 26.000 a R$ 28.000.

“Agora vou vier disso aí, né. Eu lá com quase 19 anos, minha mãe e meu pai com uma pressão gigante em cima de mim para começar a faculdade, trabalhar em outra coisa”. A decisão foi seguir arriscando no poker. “Se eu tive capacidade de quase ser campeão no primeiro torneio ao vivo, se no meu primeiro online eu já cravei e tudo mais, eu achava que era o melhor. Então, começou a subir pra cabeça. Humildade zero ali na época. Aí eu quebrei, né? Esses R$ 28.000 viraram zero. Simplesmente comecei a jogar torneio caro e tudo mais, e veio a variância, me abraçou e eu perdi todo meu dinheiro”.

Resultado marcante e recomeço

“Eu entrei pra faculdade, comecei a fazer estágio na prefeitura aqui da minha cidade, deixei o poker de lado. Só jogava aos domingos, nos finais de semana. Quando eu tava no terceiro ano de faculdade, eu tava jogando no PPPoker. Ganhei uns torneios, fiz uma banca ali de R$ 7, R$ mil e daí comecei a jogar um pouquinho mais caro. Aí rolou um torneio de R$ 200 com add-on, que foi um torneio que pagou R$ 48 mil pro campeão. Eu precisava trabalhar 4, 5 anos na prefeitura para ganhar esse dinheiro”

“Eu tive uma chance de recomeçar fazendo diferente. Então cheguei e conversei com os meus pais, falei ó, agora eu ganhei aqui R$ 48 mil e assim, eu tenho que trabalhar 4, 5 anos para ganhar esse dinheiro, eu não vou desperdiçar meu tempo trabalhando em uma coisa que eu não quero, que é fazendo estágio na prefeitura, eu vou terminar minha faculdade porque vocês querem e eu vou terminar, beleza, mas agora eu vou voltar a viver do porco de novo. Aí eles ficaram loucos de novo”.

Nilton conheceu Thiago Cortez e foi indicado para o Midas Team, mas não conseguiu conciliar o time com o último da faculdade. Depois de formado, Nilton voltou a reencontrar Cortez. “Ele montou um time mais voltado para aplicativos”. Foram quase três anos nessa parceria com direito a um belo resultado de R$ 77.000 na Suprema. No meio do ano passado, o paranaense decidiu buscar se aventurar na carreira solo.

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Carreira solo

Logo no início, Nilton cravou um torneio na Suprema para R$ 104 mil e conseguiu começar a carreira solo de forma tranquila. “Hoje em dia eu grindo por conta própria. Comprei GTO Wizard, tenho grupo de estudo com alguns colegas que manjam muito de HRC. Tenho um grupo com uns meninos de Portugal também que eu conheci em Vegas. Pretendo não entrar para time nenhum nesse momento porque as coisas estão dando certo na minha vida e na minha carreira”.

Big hit satelitado na GGPoker.

Depois de uma downswing de três meses, Nilton abaixou alguns buy-ins. “Esse US$ 150 da GG, eu nunca tinha jogado ele dando o buy-in por conta própria, eu sempre tentava satélite pra ele. Não acho a estrutura tão boa. Peguei um satélite de US$ 15 e já puxei a vaga. Na quinta-feira eu fui pra Sorocaba passar um final de semana com a minha mãe, com a minha família, e meio que até esqueci desse torneio. Eu ia voltar embora no domingo cedo, já sabendo que eu ia grindar e tudo mais, mas assim, sabe, cara, foi surreal, porque eu satelitei o torneio, daí eu já tava jogando um average buy-in mais baixo. As coisas foram dando certo, foram dando certo, e a hora que eu me vi tava na FT, as coisas foram acontecendo, consegui tirar toda a pressão, a ansiedade em cima de mim. Eu pensava, tipo, se eu cair na bolha da FT desse torneio, não vai mudar nada pra mim, se eu cravar, também não vai mudar nada. A minha filha tá aqui, minha família tá aqui, no outro dia eu vou ter que ir pra academia igual, vou tirar os dias de folga igual, não vai mudar nada na minha vida, então comecei a focar nisso, a mentalizar muito isso, tirar toda essa pressão, jogar de lado, e daí as coisas foram dando certo”.

Nilton cravou o torneio e embolsou um belo prêmio de US$ 59.137 depois de acordo. “Repercutiu demais porque eu moro numa cidade minúscula. É até engraçado, ainda tem aquele preconceito, aquele olhar estranho pra você, aquele olhar torto, assim, de julgamento. Só que a minha família em si ficou muito feliz comigo. É o melhor momento da minha carreira”.

Relação com torneios ao vivo

“Eu gosto de jogar live, mas não viajo muito, umas duas vezes por ano no máximo. Meu foco é no online mesmo, ficar em casa, não é de se locomover, pegar carro, estrada. O torneio mais longe que eu cheguei do BSOP foi o Millions foi o que teve logo depois da pandemia. Fiquei em 38º e pagava R$ 1.200.000. Fiz 30 left no Winter Millions ano passado que o Felipe Sena foi campeão. Eu devo ter jogado umas seis ou sete etapas de BSOP e KSOP. Esse ano eu pretendo ir no Winter Millions, BSOP Millions e talvez Camboriú no KSOP”.

Os hobbies de Nilton

“Aqui na minha cidade tem muitas cachoeiras. Campo de futebol, society, campo de areia. Então eu gosto de jogar um societyzinho, um futebol de campo. Gosto de ir para a cachoeira, gosto de desbravar no rio. De fazer churrasco na beira do rio. De ir pescar de bote. Esse é o meu lazer aqui nas minhas horas vagas”

As referências dele no poker

“Eu não vou descartar o Alexandre (Gomes) porque ele foi quem acreditou em mim lá no começo e é meu amigo até hoje, a gente mantém contato, então ele é um dos meus ídolos no poker.  Além dele eu colocaria o Yuri (Martins). O Yuri é um cara sinistro, humilde, coração, ser humano sensacional, inclusive, eu jantei com o Yuri uma vez no BSOP que teve no Costão do Santinho. Ele é muito amigo do Thiago Cortes e eu também sou amigo do Thiago. Não sei nem se ele lembra de mim, mas o Yuri é meu ídolo, acompanho o trabalho dele. Eu sou fã também do Luciano Hollanda, do Midas, então o “Taradinho” também está junto nessa lista”.

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Tô na Área: Paulo Bortolucci, o “Pai do Nuts”, conta o início no poker e ascensão na Twitch: “foi uma surpresa”

O paulista tem como referência o jogador Caio Capistrano

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Paulo Bortolucci
Paulo Bortolucci

A comunidade brasileira na Twitch tem crescido ao longo dos últimos anos e streamers do país tem ganhado o gosto do público. Um deles, sem dúvida, é Paulo Bortolucci, conhecido como o “pai do nuts”. Natural de Cândido Mota, interior de São Paulo, o jogador profissional contou um pouco de sua trajetória para o quadro “Tô na Área” do Mundo Poker.

“Conheci o poker na faculdade através de um amigo. Foi amor à primeira vista com o joguinho”, explica. “A decisão de jogar profissionalmente foi tomada pela perspectiva de uma melhora de qualidade de vida, tanto financeira quanto a ”liberdade” que o jogo nos traz, seja ela no modo como somos autônomos e podemos gerir de maneira livre o nosso negócio”.

Paulo tem como grande referência no jogo um amigo: Caio Capistrano. “Vi como ele cresceu do zero e se tornou um profissional exemplar”, diz. Além dele, o streamer também admira estrelas como Yuri Martins e Caio Pessagno. Fora o poker, ele tem como hobby o xadrez. “Qualquer jogo de cartas e tabuleiro eu gosto muito de jogar. Curto o futsal também”.

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Paulo tem resultados maiores no poker online, mas elegeu o título de um torneio do MicroMillions, do PokerStars, como o mais marcante da carreira. “Eu ainda era um recreativo e foi meio que um choque conseguir levantar uma grande até então grande para mim”. Esse resultado rendeu US$ 3.900 para a conta do ‘Pai do Nuts’”.

Com mais de 6.000 seguidores na Twitch, Bortolucci explicou como foi a decisão de começar a transmitir ao vivo seus jogos. “Entrei em uma fase pessoa onde ocorreu um desânimo na carreira de jogar de poker online. Pelo fato de todo dia estar lá sozinho no grind, senti um vazio e me deu vontade de parar de jogar na época”, relata.

“Tiveram meses onde grindei porque era a única opção, até porque era minha fonte de renda, mas a Twitch veio preenchendo esse vazio. A comunidade fluiu muito natural e cresceu bem rápido. Sinceramente foi uma surpresa, não imaginava que cresceria tanto em tão pouco tempo. Tenho que agradecer a comunidade, muito feliz pelos meus telespectadores e moderadores, acabamos por fortalecer uma amizade”, conta.

Para quem não conhece o canal de Bortolucci, ele explicou como é o seu estilo. “É mais didático pra galera que está iniciando no poker e também rola uma descontração vez ou outra”. Neste ano, Paulo acabou ficando de fora dos indicados para “Melhor Streamer” do Mundo Poker Awards e o site recebeu diversas mensagens da comunidade dele.

“Apesar de ser streamer iniciante, eu tenho um público legal, e isso querendo ou não machuca o ego. Todo mundo é filho de Deus, né?” brinca sobre a ‘injustiça’ da não indicação. No ano passado, Paulo disputou o BSOP Millions e relatou a experiência. “Foi bacana, bem divertido. É uma maneira bem legal de imergir no mundo do poker e conversar ao vivo com a galera que a gente faz amizade no dia a dia e do online. Pretendo, sim, jogar mais lives”.

Por fim, o “Pai do Nuts” respondeu quais são os sonhos da carreira: “continuar crescendo a live e se realizar financeiramente. Que venham muitas retas e resenhas!”.

Confira o Episódio #61 do Poker de Boteco com Camila Kons:

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