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Tô na Área: Quatro vezes campeã brasileira de Taekwondo, Bárbara Akemi se reinventou com a chegada da pandemia e hoje faz bonito nas mesas

Jogadora ainda é formada em nutrição, mas paixão pelo poker falou mais alto

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A chegada de uma pandemia global é o suficiente para proporcionar as mais diversas alterações no rumo das coisas em toda a sociedade. Com todos sendo obrigados a adotar uma nova realidade, inúmeras pessoas tiveram que adaptar sua antiga rotina para conseguir passar por tempos tão difíceis como o atual. Mas, algumas vezes, esse choque de realidade pode nos colocar em caminhos que nem imaginávamos, tornando possível encontrar um lado positivo em toda situação. Esse foi o caso da paranaense Bárbara Akemi, convidada do Tô na Área dessa semana.

Natural de Londrina, Bárbara desde pequena teve uma vida ligada aos esportes. Com 7 anos, ainda criança, ela começou a praticar Taekwondo, uma arte marcial que exige bastante disciplina e dedicação. Com o decorrer do tempo, a paranaense passou a disputar algumas competições de alto nível e se atrelou ainda mais a esse mundo, ganhando uma característica competitiva em sua personalidade, que mantém até os dias de hoje.

Sua carreira no Taekwondo durou bastante tempo, já que começou tão cedo. Nesse período, Bárbara conseguiu muitos resultados expressivos, apresentando um talento natural aliado ao preparo. “Fui atleta de alto rendimento de Taekwondo por 15 anos, desde os 7 até os 22. Cheguei a lutar pela seleção brasileira e fui campeã brasileira por 4 vezes”, conta. As conquistas aconteceram em 2013 (duas vezes), 2015 e 2017, na categoria juvenil e sub-21 (última), até 49 quilos.

Na modalidade, a jogadora chegou a representar a seleção brasileira

Hoje com 24 anos, a ex-atleta de Taekwondo conheceu o poker na época em que se dedicava a arte marcial. Foi através de um ex-namorado, que havia acabado de ingressar em um time: “ele tinha entrado em um time e eu ficava ali vendo jogar. Fui jogar pela primeira vez em um freerol e na segunda que joguei eu cravei. Logo de cara me apaixonei pelo jogo e ficava procurando como melhorar. Nessa época eu tinha um amigo do Taekwondo que estava se profissionalizando no poker, e ele me ensinou um pouco também”, lembra.

O amigo citado é Guilherme Dias, o “guialves27” do PokerStars. Após o apoio do colega, ela criou sua conta e passou a jogar baratinho. Mas o Taekwondo já tinha deixado um outro legado para a paranaense. Como era um esporte que exigia muito da parte física e os atletas sempre precisavam se pesar, Bárbara se interessou pela Nutrição, ingressando e se formando na faculdade. A jovem passou a trabalhar de nutricionista em uma academia quando deixou o Taekwondo, mas o poker a ajudava a completar sua renda.

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Na época em que atuava como nutricionista, ela também participava de torneios ao vivo nos clubes de Londrina. E, nessa parte, o esporte proporcionou mais uma boa surpresa: “conheci o Jônatas em um dia 2 de um live e na época ele jogava pra um time. Começamos a sair e a gente sempre estudava juntos, ele compartilhava comigo o conhecimento que tinha”, revela. Hoje, o casal namora há três anos e moram juntos, ainda em Londrina, com ambos vivendo uma rotina voltada ao poker. E a união com o namorado também influenciou a pensar em novos caminhos.

“No fim de 2019 decidi que queria estudar mais a sério o poker, e decidi entrar pra CardRoom Poker Team. Grindava em média 3 vezes na semana e trabalhava também, porém o poker já estava se tornando mais importante”, afirma. Poucos meses depois, a COVID-19 apareceu para assustar o mundo e mudar os planos da maiorias das pessoas. Mas Bárbara usou a ocasião como incentivo: “quando entramos em isolamento ano passado, a academia que eu trabalhava fechou por três meses e fiquei sem receber. Eu precisava pagar o aluguel da sala que eu usava, então aproveitei pra estudar e volumar ao máximo”, conta a jogadora.

Bárbara e seu namorado, Jônatas

Os resultados começaram a aparecer e a paranaense conseguiu passar por essa fase tão crítica sem problemas financeiros. Isso foi o suficiente para acreditar que deveria se profissionalizar: “quando a academia reabriu, em julho de 2020, eu decidi ficar só jogando e parar de trabalhar como nutricionista. Desde então estou vivendo do poker. A CardRoom pra mim é um ótimo time, me dão todo o suporte de aulas, minha evolução é também mérito deles”, reconhece.

A mudança não foi bem aceitar pelos pais, que preferiam que a filha seguisse o caminho tradicional no qual já estava. Além da questão cultural do jogo em si, o fator de ser mulher pode ser um agravante, já que o mundo do poker é, inegavelmente, composto por maioria absoluta de homens: “talvez a questão de ser mulher em um ‘jogo de homens’ seja um fator a mais pro meu pai ainda não ter aceitado, mas eu não me arrependo nem me questiono de ter escolhido estar vivendo de poker”, garante.

Na CardRoom, Bárbara tem a companhia de outras sete jogadoras, que inclusive têm um grupo de estudos entre elas. Voltada para o poker online, ela não vê dificuldades nesse cenário: “agora no online não vejo como um problema, não recebo cantadas nas mesas online nem nada, e no meu time jogo de igual pra igual com todo mundo, tenho o mesmo tratamento dos outros jogadores e sou respeitada”, explica. No live, porém, algumas situações indesejadas já aconteceram.

A jogadora também dá a cara nos eventos ao vivo

“Nos torneios live era uma questão mais complicada, sempre tinha um ou outro que dava uma falinha maldosa, eu tinha que me preocupar com a roupa que eu ia jogar pra evitar olhares ou assédio”, diz. Além da infeliz atitude de alguns, ela acredita que algumas vezes acabava sendo subestimada em seu jogo: “tem também a questão que os homens acham que mulher não sabe jogar, então eles sempre me subestimavam. Acabavam tentando blefar toda hora, além de acharem que mulher nunca blefa. Nessa caso a gente precisa se adaptar pagando e blefando mais”, conta, até explicando algumas estratégias.

Além disso, ela consegue apontar algumas coisas que poderiam alterar essa situação “prejudicial” para as mulheres: “acredito que a falta de representatividade feminina no poker seja a grande questão. Não temos tantas jogadoras no field e também são poucas as regulares. Isso impede que novas mulheres que se interessam comecem a jogar. Além disso, alguns até questionam quando tem alguma em destaque, já ouvi comentários duvidando se mulheres famosas do meio do poker são realmente boas ou se ficaram conhecidas apenas por serem bonitas”, conclui.

Enquanto o cenário geral ainda precisa de evolução, a jogadora de Londrina tem em casa o apoio necessário com seu namorado, além do incentivo dos amigos e do irmão. Nos dias de grind, Bárbara ainda continua se exercitando, agora no Crossfit. Treinar de manhã, por exemplo, faz parte da sua rotina. Nas horas vagas, ela brinca com seu cachorro, Linc, é gosta de ver filmes e séries, já que a pandemia a impede de viajar.

Linc, o xodó da casa

E esperando um panorama mais igualitário no live num futuro próximo, a nutricionista também conta seus planos pessoais: “no poker me vejo subindo cada vez mais os limites que eu jogo, batendo o field até alcançar os high stakes. Tenho o sonho de ir pra Las Vegas jogar o WSOP. Fui pra lá na época do Taekwondo lutar um US Open, mas não sobrou dinheiro pra jogar. Quero ir dessa vez pra jogar e aproveitar a cidade e os cassinos”.

Consciente de tudo, a jogadora faz uma reflexão sobre si mesma: “ter crescido na vida de atleta me tornou uma pessoa extremamente competitiva e o poker traz a adrenalina bem parecida com a da luta, acredito que isso que me fez viciar nesse esporte. Eu sempre quero mais e odeio perder, sendo assim procuro me dedicar ao máximo pra evoluir”. E ela também mostra reconhecimento com as pessoas ao seu redor: “eu agradeço a todas as pessoas que acreditam em mim, meu namorado que me ajuda com os estudos e é meu parceiro de vida, meus amigos, minha família e a CardRoom que me dá todo o suporte”, finaliza.

Agora que você já conhece a campeã brasileira de Taekwondo Bárbara Akemi, pode ficar de olho nela nas mesas. Com a mentalidade de uma verdadeira lutadora, seu nome deve aparecer bastante nas manchetes nos próximos tempos.

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Jogadora ainda é formada em nutrição, mas paixão pelo poker falou mais alto

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Tô na Área #59: Talita Alves fala sobre relação entre música e poker e surgimento na Twitch

A jogadora carioca está iniciando na Twitch e no mundo do poker

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Talita Alves

O quadro Tô na Área chega mais uma vez para abrir espaço e compartilhar histórias de um jogador que agrega muito à comunidade do poker brasileiro – ou, neste caso, uma jogadora. Talita Alves vem ganhando cada vez mais espaço com suas transmissões na Twitch e seus bons resultados nas plataformas online.

Adepta do jogo e da música, Talita nos concedeu uma entrevista para falar sobre suas inspirações, seu caminho no poker e a ligação com a música.

MP: Talita, pra começar, fala um pouco pra gente do seu primeiro contato com o poker?

“Meu primeiro contato com o poker foi na época do ensino médio. Eu fiz escola técnica aqui no Rio de Janeiro, e eu ficava o dia inteiro no colégio – o ensino médio era de manhã, a escola técnica era a tarde. Eu tinha um grupo de amigos e as vezes a gente matava aula, tenho que assumir [risos], mas nos intervalos, a gente tinha que arranjar alguma coisa pra fazer.”

“Eu sempre gostei muito de baralho. A minha família toda joga buraco em encontros, meus pais sempre armavam mesa de baralho, então foi quando surgiu a ideia de jogar baralho. Eu estudei no CEFET e lá eu engajei, a gente começou a jogar poker, apostava bem baixinho, só pra se divertir mesmo, mas foi aí que eu aprendi a jogar poker. Voltei a jogar poker bem depois já pelo PokerStars, mas eu era bem recreativa, jogava bem baratinho, novamente pra se divertir, mas de vez em quando acertava uma coisa ou outra”.

MP: E você comentou (em off) que começou acompanhando bastante a Twitch também!

“Eu conheci a Twitch através do YouTube, inclusive. Aqueles vídeos explicativos do Akkari, do Rafa Moraes, e aí descobri que tinham canais que transmitiam torneios ao vivo. Aí eu fui ver o famoso Raiz [Luiz Torres], fui acompanhando as transmissões dele, me divertindo um pouco, e a gente acaba se identificando um pouco com aqueles estouros que ele tem. E aí acabei indo procurar outros. Tinha a live do Mojave, da Lali – até me identificava bastante com ela por conta da figura feminina.

Hoje eu acompanho bastante a live do Pai do Nuts, que eu acho didático, vou assistindo e aprendendo junto, a live da Dani Feitosa – e, claro, agradecer a ela, que se hoje tenho um canal na Twitch, se deve a ela, que assisti a explicação dela. Acompanho a Carla [Marins] também!

MP: E streamer favorito, tem um?

“Não tem um favorito, não, mas se pudesse falar quem eu mais vejo, seria o Pai do Nuts, a Dani Feit e o Carmanhani, que via muito também. Ele me ajudou muito pra estudo de poker. Como recentemente eu comecei a estudar, eu via bastante a review de torneios dele. Eu fiquei até triste que tiraram os vídeos dele no ar, mas acompanhava bastante na Twitch também”

LEIA MAIS: Eduardo Fontenele fala sobre carreira, comenta importância do Arrocha Team e primeira experiência na WSOP Brazil

MP: Como você faz pra conciliar o tempo entre o poker e a música? De alguma forma o poker te ajuda na carreira musical?

“Hoje eu já não faço música profissionalmente. Hoje é hobby, não é mais a minha principal fonte de renda, né? Vivi três anos de música quando eu estava em Florianópolis. Hoje eu faço por hobby e encontro com amigos. Na verdade, eu dedico bastante do meu tempo ao poker – praticamente 80% da minha renda vem do poker online, digamos, então trato isso como atividade profissional. E eu dou aula pra empresas também, mas isso também tá diminuindo, a ideia é parar de dar aula.

Eu sou especialista em produtividade, gestão do tempo, gestão de agenda, então isso me ajuda bastante com o poker. Pra jogar a gente tem que ter um mindset muito bom para aturar as bad beats, né? O modelo mental, concentração, foco, saber que é um jogo que a gente vai perder muito mais que ganhar, me ajuda bastante conhecer da psicologia humana.

Então eu acho que é o inverso: a carreira musical me ajuda no poker. Eu sempre fui uma pessoa muito alegre, positiva, de barzinho, e acho que eu trago isso para a Twitch, até em conversar com as pessoas mesmo, pra mim é uma apresentação. No mais, ajuda pra mim mesmo. A música também tem muita dedicação, muito estudo. Hoje eu tento fazer uma rotina de estudo, essa força de vontade, essa disciplina para estudar. Tem que ter coragem pra enfrentar esses desafios, assim como tinha pra sugerir tocar em algum restaurante. Acho que rola até a comparação entre poker e música com coisas que a gente não queria ir, mas não tem jeito”

MP: Talita, os resultados no destaque no seu Instagram são mais focados nos torneios online. Você prefere o online mais do que o live?

“Eu preciso confessar pra vocês que eu nunca joguei um torneio live! Tem seis, sete meses que eu vivo de poker como principal fonte de renda, né? Antes era mais estudo, aí comecei a ter bons resultados, mas fazia mais no tempo livre que eu tinha. Mas nunca me aventurei a jogar poker presencial. Até brinco que eu sou baixinha, pensava ‘eu tenho 1,53m, se eu chegar no lugar pra jogar poker, não sei se vai ter muita credibilidade’.

E eu sou muito emotiva nas lives também. Eu vou de 0 a 100 com uma mão de um jeito que é bem engraçado. No dia que eu for jogar live, eu preciso ir de máscara, óculos, boné, e acho que ninguém vai me reconhecer nessa poker face. Vai ser um desafio pra mim, mas quem sabe? Acho que eu vou adorar também”

MP: E sobre referências no mundo do poker, quais são as suas?

“Eu preciso confessar de novo! [risos]. Eu não tenho uma grande referência no mundo do poker, eu sou muito caloura mesmo. Mas não tenho uma grande referência. Eu admiro o Yuri [Martins], a disciplina que ele coloca e mostra nos vídeos dele, porém uma grande referência eu realmente não tenho.

Só que eu gosto muito da figura feminina no poker. Acho que é um espaço que a gente precisa conquistar mais, como vários na sociedade. Eu acho muito bonito sempre que eu vejo uma mulher tendo destaque no poker. É algo que a gente tem pra aplicar muito, principalmente a paciência, e é um universo que temos que explorar ainda mais como mulheres.”

MP: A última pra gente fechar: quais são seus objetivos no futuro envolvendo o poker?

“Eu até agradeço a pergunta. Eu estou num momento de transição, e eu encontro muita gente na Twitch que me fala isso. Eu quero me dedicar só ao poker, terminar minhas aulas, grindar mais vezes na semana… e aí no segundo semestre aumentar meu buy-in, né? Chegar ali perto dos US$ 5, dos US$ 11… e aí, quando perder o medo de viajar, perder esse medo do presencial e participar mais, conhecer a galera, interagir.

Eu tenho que conciliar a vida profissional com a vida pessoal: sou casada com uma moça linda, a gente tem um cachorro e um gatinho, mas ela não é do poker. Ela me entende, apoia bastante… vai ser um desafio conciliar essa vida com alguém que não é do poker, mas vai dar certo.”

Confira o Episódio #61 do Poker de Boteco com Camila Kons:

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Tô na Área #58: Nilton Leocadio conta trajetória persistente no poker até resultados de impacto no online

O paranaense teve Alexandre Gomes como um dos primeiros “padrinhos” no poker

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O quadro Tô na Área chega mais uma vez para abrir espaço para um jogador que recentemente brilhou no poker online. Nilton Leocadio satelitou o GGMasters de US$ 150 e terminou campeão do torneio para uma forra de quase R$ 60.000. Mas a estrada até esse big hit chegar foi bastante longa e cheia de curvas até esse momento especial.

Detalhista, Nilton contou tim-tim por tim-tim para o Mundo Poker. Para facilitar a leitura, separamos as falas do jogador profissional por tópicos específicos na ordem cronológica.

Primeiros contatos com o poker

“Cara, os meus primeiros contatos com o poker eu tinha ali por volta dos meus 16, 17 anos. Tinha a família de um amigo meu aqui da minha cidade que eles reuniam no fim do ano e brincavam. A família inteira deles jogava ali o home game e tal. Esse meu amigo, o Vinícius Saliba, hoje em dia faz parte do 4Bet Team. Foi através dele e da família dele ali que eu tive os primeiros contatos com o poker”

“E foi muito assim especial, porque logo quando eu comecei ali a brincar nos home game e tal, aí eu já criei uma conta no PokerStars. Depois eu depositei US$ 10. Na primeira semana que fui jogar cravei um torneio de US$ 2,20. Só sei que deu uma média de 1.000 jogadores e eu cravei. Acho que acho que pagou ali uns US$ 800, alguma coisa assim. E daí eu vi que aquilo ali era pra mim, né? Foi um amor à primeira vista que ficou pregado no coração, aqui na mente, até os dias de hoje”

História com Alê Gomes e a pior bad beat da vida

“Eu ganhei esse torneio aí no PokerStars. E daí, cara, eu simplesmente peguei, vendi meus dólares pro Alexandre Gomes. Ele sempre vinha pra minha cidade. Um dos melhores amigos dele da época era daqui de Tomazina, o Lelê. Os familiares dele são todos daqui. Tomazina é uma cidade pequena, tem 10.000 habitantes, então todo mundo se conhece. Eu sabia que ele (Alê Gomes) era doleiro, ele era referência no poker mundial. Uns 14, 13 anos atrás, ele era a principal referência do poker no Brasil, e se não do mundo, né? Vendi pra ir pra Curitiba jogar um circuito que era R$ 1.000.000 por R$ 250 na época. E também ia ter um High Roller de R$ 3.000. Eu já tinha uma graninha guardada, aí eu vendi mais esses dólares e fui pra Curitiba. Fui lá com os meus R$ 5.000 e eu falei, cara, eu vou enfrentar esses caras, né? Eu quero jogar esse torneio de R$ 3.000. Olha pra você ver a minha cabeça. Com 18 anos querendo jogar um torneio R$ 3.000.

Nesse evento, Nilton conseguiu uma bad beat enorme na semi FT de 88 contra KK, mas depois levou o que considera a pior bad beat da vida. No 5-handed, quando era segundo em fichas, se envolveu contra Alisson Pereira, o chip leader, de AKs contra KJs. O flop veio A52 rainbow, mas o adversário encontrou um runner runner milagroso com J no turn e J no river para deixar Nilton desolado. Ele ganhou algo em torno de R$ 26.000 a R$ 28.000.

“Agora vou vier disso aí, né. Eu lá com quase 19 anos, minha mãe e meu pai com uma pressão gigante em cima de mim para começar a faculdade, trabalhar em outra coisa”. A decisão foi seguir arriscando no poker. “Se eu tive capacidade de quase ser campeão no primeiro torneio ao vivo, se no meu primeiro online eu já cravei e tudo mais, eu achava que era o melhor. Então, começou a subir pra cabeça. Humildade zero ali na época. Aí eu quebrei, né? Esses R$ 28.000 viraram zero. Simplesmente comecei a jogar torneio caro e tudo mais, e veio a variância, me abraçou e eu perdi todo meu dinheiro”.

Resultado marcante e recomeço

“Eu entrei pra faculdade, comecei a fazer estágio na prefeitura aqui da minha cidade, deixei o poker de lado. Só jogava aos domingos, nos finais de semana. Quando eu tava no terceiro ano de faculdade, eu tava jogando no PPPoker. Ganhei uns torneios, fiz uma banca ali de R$ 7, R$ mil e daí comecei a jogar um pouquinho mais caro. Aí rolou um torneio de R$ 200 com add-on, que foi um torneio que pagou R$ 48 mil pro campeão. Eu precisava trabalhar 4, 5 anos na prefeitura para ganhar esse dinheiro”

“Eu tive uma chance de recomeçar fazendo diferente. Então cheguei e conversei com os meus pais, falei ó, agora eu ganhei aqui R$ 48 mil e assim, eu tenho que trabalhar 4, 5 anos para ganhar esse dinheiro, eu não vou desperdiçar meu tempo trabalhando em uma coisa que eu não quero, que é fazendo estágio na prefeitura, eu vou terminar minha faculdade porque vocês querem e eu vou terminar, beleza, mas agora eu vou voltar a viver do porco de novo. Aí eles ficaram loucos de novo”.

Nilton conheceu Thiago Cortez e foi indicado para o Midas Team, mas não conseguiu conciliar o time com o último da faculdade. Depois de formado, Nilton voltou a reencontrar Cortez. “Ele montou um time mais voltado para aplicativos”. Foram quase três anos nessa parceria com direito a um belo resultado de R$ 77.000 na Suprema. No meio do ano passado, o paranaense decidiu buscar se aventurar na carreira solo.

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Carreira solo

Logo no início, Nilton cravou um torneio na Suprema para R$ 104 mil e conseguiu começar a carreira solo de forma tranquila. “Hoje em dia eu grindo por conta própria. Comprei GTO Wizard, tenho grupo de estudo com alguns colegas que manjam muito de HRC. Tenho um grupo com uns meninos de Portugal também que eu conheci em Vegas. Pretendo não entrar para time nenhum nesse momento porque as coisas estão dando certo na minha vida e na minha carreira”.

Big hit satelitado na GGPoker.

Depois de uma downswing de três meses, Nilton abaixou alguns buy-ins. “Esse US$ 150 da GG, eu nunca tinha jogado ele dando o buy-in por conta própria, eu sempre tentava satélite pra ele. Não acho a estrutura tão boa. Peguei um satélite de US$ 15 e já puxei a vaga. Na quinta-feira eu fui pra Sorocaba passar um final de semana com a minha mãe, com a minha família, e meio que até esqueci desse torneio. Eu ia voltar embora no domingo cedo, já sabendo que eu ia grindar e tudo mais, mas assim, sabe, cara, foi surreal, porque eu satelitei o torneio, daí eu já tava jogando um average buy-in mais baixo. As coisas foram dando certo, foram dando certo, e a hora que eu me vi tava na FT, as coisas foram acontecendo, consegui tirar toda a pressão, a ansiedade em cima de mim. Eu pensava, tipo, se eu cair na bolha da FT desse torneio, não vai mudar nada pra mim, se eu cravar, também não vai mudar nada. A minha filha tá aqui, minha família tá aqui, no outro dia eu vou ter que ir pra academia igual, vou tirar os dias de folga igual, não vai mudar nada na minha vida, então comecei a focar nisso, a mentalizar muito isso, tirar toda essa pressão, jogar de lado, e daí as coisas foram dando certo”.

Nilton cravou o torneio e embolsou um belo prêmio de US$ 59.137 depois de acordo. “Repercutiu demais porque eu moro numa cidade minúscula. É até engraçado, ainda tem aquele preconceito, aquele olhar estranho pra você, aquele olhar torto, assim, de julgamento. Só que a minha família em si ficou muito feliz comigo. É o melhor momento da minha carreira”.

Relação com torneios ao vivo

“Eu gosto de jogar live, mas não viajo muito, umas duas vezes por ano no máximo. Meu foco é no online mesmo, ficar em casa, não é de se locomover, pegar carro, estrada. O torneio mais longe que eu cheguei do BSOP foi o Millions foi o que teve logo depois da pandemia. Fiquei em 38º e pagava R$ 1.200.000. Fiz 30 left no Winter Millions ano passado que o Felipe Sena foi campeão. Eu devo ter jogado umas seis ou sete etapas de BSOP e KSOP. Esse ano eu pretendo ir no Winter Millions, BSOP Millions e talvez Camboriú no KSOP”.

Os hobbies de Nilton

“Aqui na minha cidade tem muitas cachoeiras. Campo de futebol, society, campo de areia. Então eu gosto de jogar um societyzinho, um futebol de campo. Gosto de ir para a cachoeira, gosto de desbravar no rio. De fazer churrasco na beira do rio. De ir pescar de bote. Esse é o meu lazer aqui nas minhas horas vagas”

As referências dele no poker

“Eu não vou descartar o Alexandre (Gomes) porque ele foi quem acreditou em mim lá no começo e é meu amigo até hoje, a gente mantém contato, então ele é um dos meus ídolos no poker.  Além dele eu colocaria o Yuri (Martins). O Yuri é um cara sinistro, humilde, coração, ser humano sensacional, inclusive, eu jantei com o Yuri uma vez no BSOP que teve no Costão do Santinho. Ele é muito amigo do Thiago Cortes e eu também sou amigo do Thiago. Não sei nem se ele lembra de mim, mas o Yuri é meu ídolo, acompanho o trabalho dele. Eu sou fã também do Luciano Hollanda, do Midas, então o “Taradinho” também está junto nessa lista”.

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Tô na Área: Paulo Bortolucci, o “Pai do Nuts”, conta o início no poker e ascensão na Twitch: “foi uma surpresa”

O paulista tem como referência o jogador Caio Capistrano

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Paulo Bortolucci
Paulo Bortolucci

A comunidade brasileira na Twitch tem crescido ao longo dos últimos anos e streamers do país tem ganhado o gosto do público. Um deles, sem dúvida, é Paulo Bortolucci, conhecido como o “pai do nuts”. Natural de Cândido Mota, interior de São Paulo, o jogador profissional contou um pouco de sua trajetória para o quadro “Tô na Área” do Mundo Poker.

“Conheci o poker na faculdade através de um amigo. Foi amor à primeira vista com o joguinho”, explica. “A decisão de jogar profissionalmente foi tomada pela perspectiva de uma melhora de qualidade de vida, tanto financeira quanto a ”liberdade” que o jogo nos traz, seja ela no modo como somos autônomos e podemos gerir de maneira livre o nosso negócio”.

Paulo tem como grande referência no jogo um amigo: Caio Capistrano. “Vi como ele cresceu do zero e se tornou um profissional exemplar”, diz. Além dele, o streamer também admira estrelas como Yuri Martins e Caio Pessagno. Fora o poker, ele tem como hobby o xadrez. “Qualquer jogo de cartas e tabuleiro eu gosto muito de jogar. Curto o futsal também”.

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Paulo tem resultados maiores no poker online, mas elegeu o título de um torneio do MicroMillions, do PokerStars, como o mais marcante da carreira. “Eu ainda era um recreativo e foi meio que um choque conseguir levantar uma grande até então grande para mim”. Esse resultado rendeu US$ 3.900 para a conta do ‘Pai do Nuts’”.

Com mais de 6.000 seguidores na Twitch, Bortolucci explicou como foi a decisão de começar a transmitir ao vivo seus jogos. “Entrei em uma fase pessoa onde ocorreu um desânimo na carreira de jogar de poker online. Pelo fato de todo dia estar lá sozinho no grind, senti um vazio e me deu vontade de parar de jogar na época”, relata.

“Tiveram meses onde grindei porque era a única opção, até porque era minha fonte de renda, mas a Twitch veio preenchendo esse vazio. A comunidade fluiu muito natural e cresceu bem rápido. Sinceramente foi uma surpresa, não imaginava que cresceria tanto em tão pouco tempo. Tenho que agradecer a comunidade, muito feliz pelos meus telespectadores e moderadores, acabamos por fortalecer uma amizade”, conta.

Para quem não conhece o canal de Bortolucci, ele explicou como é o seu estilo. “É mais didático pra galera que está iniciando no poker e também rola uma descontração vez ou outra”. Neste ano, Paulo acabou ficando de fora dos indicados para “Melhor Streamer” do Mundo Poker Awards e o site recebeu diversas mensagens da comunidade dele.

“Apesar de ser streamer iniciante, eu tenho um público legal, e isso querendo ou não machuca o ego. Todo mundo é filho de Deus, né?” brinca sobre a ‘injustiça’ da não indicação. No ano passado, Paulo disputou o BSOP Millions e relatou a experiência. “Foi bacana, bem divertido. É uma maneira bem legal de imergir no mundo do poker e conversar ao vivo com a galera que a gente faz amizade no dia a dia e do online. Pretendo, sim, jogar mais lives”.

Por fim, o “Pai do Nuts” respondeu quais são os sonhos da carreira: “continuar crescendo a live e se realizar financeiramente. Que venham muitas retas e resenhas!”.

Confira o Episódio #61 do Poker de Boteco com Camila Kons:

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